Dez pessoas foram presas e cerca de R$ 1,5 milhão apreendidos na Operação Castelo de Areia, deflagrada nesta quarta pela Polícia Federal em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos dez presos, quatro são diretores da Construtora Camargo Corrêa, duas secretárias da empresa, três doleiros no Rio de Janeiro e uma, de nome não revelado, que seria o articulador do esquema. As secretárias estão sob prisão temporária de cinco dias, podendo ser renovada por mais cinco dias, e o restante do grupo recebeu prisão preventiva.
A investigação sobre supostos crimes financeiros foi centrada em um dos presos, o consultor financeiro Kurt Paul Pickel, suíço naturalizado brasileiro. De acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo, os suspeitos estão envolvidos num esquema de remessa ilegal de dinheiro da Construtora Camargo Corrêa para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e fora do país. O esquema funcionava por meio de operações de câmbio e transferências bancárias com aparência de legalidade, utilizando-se, em alguns casos de empresas fantasmas ou de fachada.
As remessas, segundo a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn, variavam de R$ 200 mil a R$ 2 milhões e somariam cerca de R$ 20 milhões. Além do envio ilegal de dinheiro para fora do país, a polícia investiga indícios de obras superfaturadas, A investigação se deparou com pelo menos uma obra superfaturada, a construção de uma refinaria em Pernambuco, e doações não declaradas e não contabilizadas a partidos políticos.
De acordo com a investigação, os doleiros e diretores da empresa se comunicavam por meio de sistemas difíceis de serem interceptados como IP Voip e Skype e usavam códigos, tais como nomes de animais, para se referirem a nomes de pessoas e moedas. Segundo a Polícia Federal, os crimes investigados são de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem a competente autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.
Em nota, a Camargo Corrêa informou que está perplexa com os fatos ocorridos, principalmente com relação à invasão pela Polícia Federal de sua sede em São Paulo. “Até o momento a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação”. A empresa também diz que “cumpre rigorosamente” com suas obrigações legais e ressaltou que gera mais de 60 mil empregos no Brasil e nos países em que atua. “O Grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e que repudia a forma como foi constituída a ação, atingindo e constrangendo a comunidade Camargo Corrêa e trazendo incalculáveis prejuízos à imagem de suas empresas”.
Obra superfaturada, doações ilegais para partidos políticos, participação de doleiros e empresas fantasmas, mecanismos criminosos bem conhecidos nesse país. Mudam os personagens e a história se repete. Será necessário ainda apurar quem são essas pessoas e as campanhas políticas beneficiárias dos recursos.
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