Depois de aceitar o convite para passar o Carnaval em Recife, a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, disse que o resultado da plástica que fez no rosto no final do ano passado "é um sucesso de público e crítica". Segundo a ministra, mulheres não têm vergonha de dizer que querem "ser mais bonitas", ao contrário de "vários líderes políticos, que corrigiram suas bolsas de gordura e têm vergonha de falar isso".
Dilma afirmou ainda que não lhe incomodou ser chamada de "Vilma" na visita que fez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao sertão do Estado. "O nosso povo é afetivo", disse ela. "O povo é muito pouco agressivo. É muito mais fácil você ver agressividade na elite, na oposição", declarou. A ministra negou que a atitude tenha sido um teste de popularidade, mas disse que gostou do resultado.
Assumindo ou não que é um teste de popularidade, Dilma Rousseff é uma mulher em transformação e tem objetivo determinado. A imagem de mulher forte, política engajada historicamente, ministra e gerente do principal plano do governo não combina com um olhar cansado e cabelo fora de moda, especialmente nesse país do culto ao corpo e à imagem. Cá entre nós, a transformação foi bem vinda e está trazendo os primeiros resultados.
Mas a grande batalha não se travará em clínica estética ou nas capas das revistas. Ela acontecerá nos bastidores do governo, nas reuniões com a base aliada e na briga com a oposição. Acabou o Carnaval, o ano pré eleitoral se inicia. E aqui não vou entrar nos meandros da política, deixo para as capacitadas comentaristas políticas que temos.
O que realmente me interessa, e você leitor vai perceber aqui no blog, é o comportamento individual e social por trás dos fatos. Depois da eleição de vereadoras, deputadas, senadoras, prefeitas e governadoras, a mulher na política não é novidade, apesar da participação ainda ser tímida. No Congresso, não chega a 10 por cento. Isso sem falar na necessidade de ampliação da participaçãpo feminina nas mesas da Câmara e no Senado. Apesar de a lei 9.504, de 1997, determinar que partidos ou coligações reservem 30% das candidaturas a um dos sexos, a norma quase nunca é cumprida por falta de participantes.
Depois da experiência de Heloísa Helena, candidata pelo PSOL, expulsa do PT em 2003 por não concordar com os rumos da administração petista no país, teremos mais uma vez uma candidata mulher à presidência da Répública. O que estará em jogo: a influência do presidente Lula, a capacidade de transformação da imagem da ministra junto ao povo, a manutenção do status quo político ou nossa cultura democrática que ainda não se acostumou com as mulheres no poder? A ministra tem razão: o povo é afetuoso, mas tem baixa escolaridade e está distante da política.
Gostaria muito de saber sua opinião.
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