Entre as dezenas de sites lidos diariamente, encontrei mais uma prova de que a observação atenta e o olhar diferenciado podem gerar coisas interessantes. Quem melhor que uma caixa de supermercado para desvendar o preconceito humano e o comportamento social dia após dia, presenciando durante 8 anos atitudes grosseiras e ouvindo comentários indelicados dos clientes?
Anna San, de 29 anos, conta essas histórias em Les tribulations d’une cassière: “Chegou a um ponto que eu senti que as pessoas precisavam ser ressocializadas. Alguém tinha que fazer alguma coisa”. Anna se lembra do dia em que ouviu uma mãe dizer ao filho: “Se você não estudar vai acabar trabalhando aí, atrás do balcão". Só que ninguém faz nada porque o assunto é mais complicado do que parece. Não se trata apenas de falta de educação, é preconceito mesmo. Quem está disposto a questionar seus próprios preconceitos?
Outras situações típicas da rotina das grandes cidades poderiam levar à análise do comportamento humano em sociedade, como no trânsito, nas ruas cheias, no empurra empurra dos metrôs, nas filas dos bancos. Há uma campanha do metrô de São Paulo, a caminho, que busca orientar o comportamento dos usuários através de mensagens que poderão ser ouvidas em alto e bom som. Que tal uma campanha de humanização do ser humano? Será que daria certo? E o slogan?
Voltando à escritora, ela revela que nem todos os momentos foram ruins e consegue lembrar com carinho de alguns dos frequentadores daquele local por atitudes simples e gentis, como do pai que acabara de ter um filho e não sabia que fraldas comprar para o bebê: "Eu o ajudei a escolher as fraldas e alguns dias depois ele levou a mulher e a criança para me apresentar". Ser gentil: uma atitude nada comum nos dias de hoje!
Anna começou a trabalhar no supermercado em meio período para financiar a faculdade de literatura. Em dezembro de 2007, quando o blog já tinha virado uma febre entre os franceses, ela pediu demissão. Pouco tempo depois estourou nas TVs e rádios francesas e recebeu propostas para transformar o blog em um livro.
A obra, lançada pela editora Stock, publicada pela primeira vez em junho de 2008, já vendeu mais de 100 mil cópias na França e esse ano chegará a 10 países incluindo o Brasil.
As histórias de Anna também devem ser adaptadas para teatro e cinema. Que bela história!
A matéria completa está na BBCBrasil.
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ResponderExcluirEssa história vivida e relatada por Anna San, me trás uma recordação marcante, vivida durante os 21 anos que sobrevivo profissionalmente no balcão da drogaria que pertence a minha família.
ResponderExcluirEstava com um primo e ele comentou com a madrasta dele o seguinte:
- Eu gostaria de um dia trabalhar com o meu tio e o meu primo.
E ai a madrasta responde com tom enérgico e de total desprezo:
- É ISSO QUE VOCÊ QUER PARA A SUA VIDA ?
Ao ouvir aquilo, meu sangue começou a ferver de tanta raiva, mas foi por um breve momento.
Pois de todos esses anos de profissão do meu pai (ele trabalha com farmácia desde os seus sete anos, hoje ele tem 61), ele casou, teve três filhos, todos eles com formação superior.
Enfrentou vários assaltos, um deles ele levou uma coronhada no rosto e ao sair correndo dos assaltantes, quase foi alvejado pelos tiros disparados pelos criminosos.
Então, eu tenho orgulho da profissão do meu pai e da minha que abracei seguindo o seu exemplo.
Lembre-se: Em qualquer situação, independente da função ou cargo da pessoa que esta lhe prestando um atendimento, agradeça com um simples obrigado, porque ele é um ser humano como você.
Toda a trabalho é digno, desde que o mesmo seja realizado com respeito e muito honestidade.
Portanto respeite ao próximo. E não deixe o preconceito tomar conta de você.