A seca do Lago da Aclimação

Em menos de uma hora, o lago artificial do Parque da Aclimação, localizado no centro da cidade, secou e se transformou em um grande lodaçal. Frequentadores usaram baldes de água para tentar salvar os animais. Que imagem triste vi pela televisão. Confesso que não tive coragem de ir lá, prefiro manter a imagem do parque que tantas vezes frequentei na juventude.

Mas vamos aos fatos. As chuvas provocaram o rompimento do sistema de circulação e a água vazou para a tubulação interligada ao sistema que deságua no rio Tamanduateí, arrastando peixes, cisnes, gansos e tartarugas que nadavam no lago para desespero dos frequentadores que tentavam ajudar. Os bombeiros suspenderam no fim da noite os trabalhos de resgate.

Heraldo Guiaro, diretor do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Cidade tentava convencer as pessoas a saírem do lago em função do risco para a saúde. As aves e peixes resgatados foram levados para o parque do Ibirapuera. Segundo Guiaro, somente depois de definir as causas do acidente é que será possível elaborar obras emergenciais, que deverão ficar sob responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Obras.

A prefeitura vem fazendo reformas da rede de esgoto para despoluir o lago e ainda não é possível saber se as obras não têm relação com o acidente. A base do vertedouro que regula o nível do lago quebrou e virou um grande ralo. Então, se não houve nenhuma surpresa durante a reforma na rede de esgoto, deve ser apurado o desgaste da tubulação hidráulica que regula o nível da água do lago.

O parque da Aclimação, um dos mais antigos da cidade, foi inspirado no "Jardin d'Acclimation de Paris e implantado por iniciativa privada de Carlos José Botelho. Seguindo o modelo francês, o local servia para a "aclimatação" temporária do gado trazido da Holanda. A inauguração ocorreu em 16 de setembro de 1939 e foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico em 5 de outubro de 1986.