O acordo que a organização da São Paulo Fashion Week assinou com o Ministério Público Estadual, se comprometendo a incentivar as grifes a contratar 10% de modelos afro-descendentes e indígenas para os desfiles, causou polêmica entre os profissionais do mundo fashion. A medida, chamada de "termo de ajustamento de conduta", foi anunciada esta semana.
Para Dudu Bertholini, designer da grife Neon, são as autoridades que provocam a segregação, pois essa medida vai constranger as modelos negras. Ele garante que não utiliza o critério racial ao selecionar as tops que desfilam para sua grife e afirma que não existe preconceito no meio fashion. O diretor da agência Mega Models, Raphael Garcia, afirma que aimda faltam candidatas a modelo com esse perfil no mercado.
Já Moisés Júnior, booker da agência Ten Models, vê de maneira positiva a medida tomada pelo Ministério Público. Para ele a situação melhorou em relação há dez anos, mas as oportunidades de trabalho para as modelos negras continuam escassas. O booker conta que dos 140 modelos contratados da agência, 12 são negros e que nos Estados Unidos e na Europa, o mercado está bem mais democrático.
Fernanda Téo, modelo há 6 anos, admite ter dificuldades em trabalhar por ser afro-descendente. Na opinião dela, quando as grandes marcas contratam uma garota negra para uma campanha, é porque ela já tem um nome firmado no mercado internacional.
Assim como acontece nas universidades, o governo quer garantir através de lei o direito dos afro-descendentes até que tenhamos uma democracia mais ampla. É um movimento inverso ao fluxo natural das coisas, quando o correto seria oferecer oportunidades iguais desde a escola para que uma nova realidade se concretizasse em oportunidade de emprego. Tamém acredito que o preconceito na moda não faz sentido, já que a diversidade étnica é um grande trunfo nas mãos dos profissionais da moda.
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