Representantes de mais de 20 museus e instituições culturais, como o Masp, a Pinacoteca, o Auditório Ibirapuera, Cinemateca Brasileira, Itaú Cultural e outros, reuniram-se nesta quinta no auditório do Masp para debater o tema Sustentabilidade das Instituições Culturais no Brasil.
O debate teve pontos controversos. José Roberto Teixeira Coelho, curador chefe do Masp disse que seria interessante analisar o problema da "morte" de museus e institutos, propôs que se discutisse a diminuição da "presença autoritária do Estado e da arrogância da iniciativa privada" nessas instituições.
O empresário Roberto Teixeira da Costa, que integra conselhos do Museu de Arte Moderna, Fundação Padre Anchieta e Museu Lasar Segall refutou as teses de Teixeira Coelho e citou o caso de revitalização da Bienal de São Paulo. Segundo ele, a agenda da cultura ainda vai estar durante muito tempo atrelada à questão da educação, que a precede, porque os orçamentos têm de priorizar a educação.
Eduardo Saron, do Itaú Cultural, pediu a criação de um Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas da Cultura para acompanhar com dados objetivos o impacto do mundo da cultura e das artes nos outros segmentos da economia. Saron considera que há ainda muito amadorismo no planejamento cultural. "O Itaú Cultural só se relaciona com o MinC por meio da Lei Rouanet", afirmou, lamentando que não haja um fórum permanente de troca de experiências.
O especialista francês Xavier Greffe fez a defesa da adoção de um modelo mais eficaz de gestão que chamou de "instituições públicas de cooperação cultural", que contenham em suas composições tanto representantes do poder público quanto agentes privados. Ele também falou na necessidade de se estimular um tipo de "mecenato popular", baseado em fontes de recursos como as emergentes empresas da área de tecnologia.
O empresário Mário Cohen, gestor do Auditório Ibirapuera, disse que uma das principais dificuldades é o da instituição cultural mostrar a relevância de sua atividade. Lembrou de quando trabalhava nas Organizações Globo e teve a ideia de propor a criação do Museu da Língua Portuguesa. "A primeira vez que falei nisso, me perguntaram: mas qual é a relevância? quem irá nisso?". Sua sorte é que a família Marinho gostou da ideia, e hoje o museu é um grande sucesso.
Alfredo Manevy, do Ministério da Cultura acredita que a instituição do novo Fundo Nacional de Cultura, com recursos diretos "blindados" pelo orçamento federal (livres de remanejamento), possibilitam a confiança em um planejamento para o futuro.
O mecanismo prevê a criação de fundos setoriais que serão geridos já a partir deste ano pelo Ministério da Cultura. José Luiz Herência, Secretário de Políticas Culturais do MinC, anunciou que o governo federal quer que o modelo seja adotado em todo o País em níveis de Estados e Municípios e tem cerca de R$ 250 milhões para os novos editais.
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