Levantamento divulgado pelo Ibope mostrou que 88% dos cariocas são a favor das ações de combate ao tráfico de drogas, realizadas nos últimos dias em especial no Complexo do Alemão, Zona Norte da cidade. Os indecisos somaram 7% e apenas 3% desaprovam as operações. Mil moradores de diversos pontos do Rio e com idade superior a 16 anos foram entrevistadas por telefone no período de 27 a 29 de novembro. Gostaria de questionar exatamente esse aspecto da pesquisa que me parece fundamental.
Não quero ficar contra a tal maioria dos moradores do Rio de Janeiro que aprova as medidas de combate ao tráfico. Todos dizem que algo tinha de ser feito e de fato foi. Mas é muito fácil ser a favor dessa guerra para quem não mora exatamente na zona do conflito. Se fizessem a mesma pesquisa em todo país a aprovação passaria dos 90%. A imprensa, os estudiosos do assunto e a grande maioria da população brasileira não têm a menor noção do que é viver nessa 'guerra tão particular' no Rio de Janeiro. Não há opção para esses moradores: enfrentar a guerra, apesar do medo e da frágil sensação de segurança.
Que tal se o Ibope fosse pessoalmente às ruas, e não por telefone, perguntar para as pessoas que vivem, trabalham, estudam, que tentam sobreviver muito antes das forças policiais e militares iniciarem 'a grande luta contra o tráfico' no Rio?
Voltando à pesquisa, a sensação de segurança também foi analisada pelo Instituto, que entrevistou 41% de pessoas que dizem se sentir seguras, contra 30% que não tem qualquer sensação de segurança no Rio e outros 26% disseram que não se sentem seguros nem inseguros. Imaginem se a pergunta você feita apenas para os moradores das favelas, da Vila Cruzeiro, do Complexo do Alemão. Assim fica fácil comprovar a aceitação da maioria!
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